03 January 2010

Ágora

O filme não é, por si, nada de extraordinário. O seu tema não é absolutamente nada novo, e isso é que é verdadeiramente extraordinário.
Fala sobre a intolerância religiosa, algo que não é novo, que nos acompanha ao longo dos séculos, que sublima o pior do Homem e do qual não nos conseguimos libertar.
Será que algum dia o Homem vai acreditar que não precisa de nenhum deus, seja ele singular ou plurar, para tratar da sua vida?
Será que vai acreditar que Ele tem a capacidade suficiente para gerir os seus destinos e o seu mundo, sem precisar de fenómenos externos que o governem?
Demorámos tantos anos a perceber que não era a terra que estava no centro do mundo e que não havia monstros no mar, mas ainda não nos conseguimos colocar a Nós no centro do universo e terminar com os adamastores que nos atormentam.
As religiões aproveitam-se disso para Nos dividir, exaltando as diferenças entre iguais como forma de agitar fantasmas e medos. Todas elas assentam as bases na defesa dos pobres, dos oprimidos da grande massa que é o povo e tudo fazem para que o povo seja efectivamente pobre e oprimido para o continuar a dominar.
Lá esta a igreja católica demonizando e menorizando a Mulher, subjugando o Saber, a Inteligência e a Racionalidade, no fundo aquelas que deveriam ser as grandes armas do Homem.
É por isso que não consigo perceber, se nada disto é novo, porque nunca este assunto seja tema, nunca este tema se discuta e nunca nada se faça para alterar este dogma de séculos. A única coisa que temos conseguido fazer é trocar de deuses, é substituir religiões, é mudar de donos.
Espero que chegue o dia em que o Homem deixe de ser um escravo por opção e tenha a coragem de ser livre por decisão.