31 July 2011

"Podemos encontrar inspiração em todo o lado.
Se não encontrarmos é porque não olhámos bem"

Paul Smith

29 April 2011

Com a liberdade me enganas

A ideia base deste blog aparece de forma muito interessante num artigo do courrier internacional chamado memória do jornalista Steffan Heuer para a revista Brand Eins
Aqui ficam algumas transcrições para espicaçar a sua leitura
" Até a pouco tempo a reputação assentava em círculos concêntricos de vizinhos, conhecidos, colegas e familiares, que sabiam algumas coisas sobre nós, das quais só guardavam recordações dentro de um determinado contexto. Pela primeira vez na história da humanidade , os rumores passaram a ter vida eterna e a ser mais nocivos do que nunca. As pessoas deixaram, literalmente, de ter direito a uma segunda oportunidade. ....
Vamos supor que um director de uma empresa descobre , no decurso das suas pesquisas, que um candidato a emprego, foi um dia inibido temporariamente de conduzir por excesso de álcool. ...
.. propõe uma nova aplicação para o iphone de detector de vícios - sleaze detector. Basta um nome ou um número de telefone para lhe associar tweets, vagos conhecimentos, antecedentes judiciais, área de residência, condição de proprietário ou arrendatário -tudo isto no espaço de escassos segundos, antes que o visado se sente a nossa frente."

Agora que se passou mais um aniversário do 25 de Abril o que os senhores da PIDE DGS não dariam por um sistema como estes.
O ditado dizia com a Verdade me enganas eu acho que hoje em dia seria mais correcto dizer que com a Liberdade me enganas.

19 March 2011

Citação

"Se conseguir cumprir na vida os sonhos de uma noite serei uma mulher feliz"
Alguém inteligente

20 February 2011

Vara

"Armando Vara passou ontem à frente dos utentes num centro de saúde em Lisboa e "ordenou" a uma médica que lhe passasse um atestado porque tinha pressa para apanhar o avião, noticiou a TVI 24.

A TVI 24 chama "escândalo" ao que ontem se passou no centro de saúde de Alvalade. De acordo com a estação de televisão, o ex-ministro socialista Armando Vara entrou gabinete de uma médica, passando à frente de toda a gente que estava à espera e "deu ordens" para que lhe fosse passado um atestado.
Vara terá dito à médica que estava com pressa para apanhar o avião e acabou por ser atendido antes dos outros utentes, mas a directora do centro de saúde, Manuela Peleteiro, disse à televisão que a médica não percebeu que o arguido do caso Face Oculta não estava a ser atendido na sua vez e passou propositadamente à frente de toda a gente.
Confrontado com a situação, um dos utentes apresentou queixa no livro de reclamações centro de saúde."

In Diário de Notícias de 12 de Fevereiro de 2011.


Se procurarmos no dicionário Vara tem inúmeros significados, mas um deles é manada de gado suíno. Pelo que tem demonstrado nos últimos anos este senhor vale efectivamente por muitos suínos.
Abençoados pais que tão acertado nome deram ao seu filho.

12 February 2011

"Usa os teus olhos para ver o mundo e não para te ver a ti"
Natalie Portman

Primavera


A Primavera está a chegar ao deserto

11 February 2011

09 February 2011

Solidão

Não fossem as Finanças e provavelmente ainda não se saberia. Que o cadáver de Augusta Duarte Martinho jazia há nove anos no chão da cozinha do apartamento em que vivia, na Rinchoa, em Rio de Mouro.

Mas havia uma dívida por liquidar e a ordem de execução de uma penhora.

Eram quase 17 horas de ontem quando uma agente da PSP da 89ª esquadra foi chamada para auxiliar à penhora de um apartamento na Praceta das Amoreiras. A casa já tinha sido vendida em leilão. No local estava, além da polícia, um funcionário das Finanças, a nova proprietária do apartamento que o ía visitar pela primeira vez e um serralheiro com a incumbência de arrombar a porta e colocar uma nova fechadura, procedimento banal neste tipo de situações.

Mas ao contrário do esperado, a porta não abriu totalmente. Havia uma corrente de segurança que o impedia. E chaves ferrugentas na fechadura. Surpresa. Seguida da suspeição de que algo de errado se passava.

No chão da cozinha do apartamento, encontraram o corpo em avançado estado de decomposição de Augusta Duarte Martinho que, no próximo sábado, completaria 96 anos. Os seus animais de estimação, um cão e dois pássaros estavam também mortos na varanda.

De concreto, sabe-se apenas que há muitos anos que Augusta Martinho deixou de ser vista e que a última vez que pagou o condomínio foi em Agosto de 2002, há nove anos.

O prédio onde vivia há cerca de 30 anos, tem cinco andares com três apartamentos cada, todos habitados. Mas apenas uma das vizinhas do primeiro andar, Aida Martins, se relacionava com Augusta Martinho. “Ela vivia só, não se lhe conhecia família e não se relacionava facilmente”, diz, em declarações ao PÚBLICO.

Foi a caixa de correio cheia que lhe chamou a atenção, conta. Mas cartas, só havia da Segurança Social com os vales da sua pensão. “Só sabia que era reformada, ela nunca me disse qual era a sua profissão mas disseram-me que parece que era educadora de infância”.

Como a vizinha não aparecia, Aida Martins decidiu participar o seu desaparecimento à GNR. O processo ficou com o registo 2274/2002 e NUIPC 1086/07.2 TQSNT. “Disseram-me que não podiam chegar e abrir a porta”, diz Aida Martins. Que ela saiba, “nada foi feito” para investigar o paradeiro de Augusta Martinho.

“Dei um exemplo de cidadania, fiz o que estava ao meu alcance, aqui ninguém se interessou”.

Aida Martins resolveu então procurar alguém da família da vizinha. E conseguiu encontrar cinco sobrinhos que não se davam com a tia e um primo, Armando Gaspar de 84 anos. “Acompanhava-a sempre, às compras e ao médico”, diz ao PÚBLICO. E conta que a última vez que a viu foi antes de uma viagem até à Beira Alta onde tem uma casa. “Quando voltei fui lá a casa, fartei-me de tocar mas ela não abriu, nunca mais respondeu”.

Resolveu então participar o caso à PSP. O auto de denúncia tem o número 2274/2002. Mas era preciso ordem do tribunal para abrir a porta do apartamento, explicaram-lhe. Por isso, ele resolveu dar notícia do desaparecimento ao tribunal de Sintra, conta. “Fui lá 13 vezes, ainda a semana passada por lá passei. Nunca consegui autorização para arrombar a porta”, afirma.

Também Laurinda Cardoso, vizinha do terceiro frente, estranhando a ausência de Augusta Martinho decidiu participar o seu desaparecimento à Polícia Judiciária. “Ainda cá vieram e telefonaram para cá uma duas vezes, perguntando se a senhora já tinha aparecido, mas mais nada”, diz.

Passaram nove anos. No chão da cozinha. Ninguém se interessou. Ninguém investigou.

Os restos do seu corpo foram ontem transportados para o Instituto de Medicina Legal para que seja determinada a causa da morte.

In Jornal Publico 8 de Fevereiro de 2011