
Não sei se todos os anos enrolo a mesma quantidade de lã. Nunca tinha parado para pensar nisso. Também é dificil de saber. Teria de desenrolar todo o ano anterior, medir os metros e depois comparar com os do próximo ano. Além de ser um processo muito demorado, parece ser muito perigoso - não sei como reagiria o tempo a ser desenrolado. Parece-me demasiado arriscado, voltar a expor à luz do presente, coisas há muito passadas. Poderiamos alterar o nosso passado. É realmente demasiado arriscado, só para tirar uma dúvida tão pouco interessante.
Voltando ao que me trouxe aqui. Este foi para mim um ano em tudo perdido. Andei 365 dias a enrolar tempo sem qualquer fim definido. Sem olhar para a lã que o compunha, para o volume que se criava. Simplesmente segui o movimento inato de enrolar, como faço com o respirar, com o falar, com o comer. Não agi por acção mas por reacção. Reacção aos estímulos externos que me foram chegando, sem qualquer tipo de ordem ou fim. O resultado, só poderia ser o esperado. Ao fim de tanto enrolar sinto que o volume é o mesmo. Que nada de novo acrescentei ao meu novelo, a não ser peso morto que terei de carregar.
Como não devemos viver do passado, mas aprender com o passado, vou publicar neste meu sítio público de desabafos, as minhas resoluções para o novo ano. Desta forma delas me não vou esquecer, e com elas todos, e eu próprio, me podem confrontar. E o meu desejo de novo ano é que ao meu novelo não acrescente mais peso morto, que muito me vai custar a carregar pela vida e a ela pouco acrescenta. Prefiro deixar de enrolar, que enrolar por enrolar. Bom 2007 para todos, os que de forma mais ou menos importante, fazem parte do meu novelo.