14 October 2008

O que é nosso, às nossas mãos há-de vir.
"...Aqui volto à minha teoria das gerações: não vale a pena falar de identidade de um povo como algo de inalterável, salvo as alterações da passagem do tempo e das condições económicas. À época e às gerações dos descobrimentos sucederam-se épocas de decadência que correspondem, evidentemente, a outras gerações. Falemos de gerações não de povos."
In Revista Única, José Saramago

A lua pode esperar

"...É evidente que, se vivi estas situações, e muitas outras, foi por andar sozinho; viajando com um ou mais companheiros, certos convites não me teriam sido formulados, certas amizades não se teriam desenvolvido. Por isso sou apologista do individualismo itinerante. Quem viaja em grupo , fecha-se no grupo. Quem viaja só abre-se ao mundo.
A ideia da solidão mete medo a muita gente, mas na realidade quase nunca nos sentimos sozinhos a viajar sem companhia. A solidão é muito mais comum no dia a dia, sob a forma da indiferença e da banalidade nas relações profissionais e familiares do que em viagem, onde cada relacionamento, até a simples troca de saudações pela compra de um cacho de bananas na mercearia da esquina, se reveste da intensidade dos actos estudados e irrepetíveis. Parece um paradoxo, mas é pelo próprio facto de não estarmos acompanhados que estamos disponíveis para outras companhias."
In A Lua pode esperar de Gonçalo Cadilhe, Oficina do Livro