A Europa gorda e burguesa sente uma enorme dificuldade em lidar com o fenómeno da emigração. Os seus acomodados cidadãos sentem sempre que os seus "direitos adquiridos" estão postos em causa principalmente por essa raça horrível dos emigrantes. É o que faz não conseguir olhar para o seu próprio umbigo para perceber que direitos adquiridos já não existem e que as grandes ameaças não vêm dos emigrantes mas deles próprios.
Portugal deveria ser, pela sua história, um exemplo diferente, até porque passamos a vida a falar de multiculturalidade e respeito pelas várias culturas. A verdade é que quando nos atacam a carteira mandamos as urtigas a tolerância e estamos prontinhos para ouvir o primeiro Le Pen que apareça.
Dentro do que muito se costuma dizer - e muito dele baseado em pressupostos errados e explorando os medos -sai um artigo muito interessante na Exame deste mês que nos dá algumas pistas para melhor podermos opinar sobre este problema. Desse estudo só fazem parte os emigrantes legalizados (como é óbvio) e a verdade é que, ao contrário do que sempre se diz, estes são contribuintes líquidos para a segurança social. Ou seja os emigrantes legais contribuem com 4,8% das receitas da segurança social e nela só pesam 3,2%.
Se o Fernando Pessa estivesse vivo diria - e esta hein?
